sábado, 10 de abril de 2010

Olho sobre a tela

Acabo de decepar o sistema.
Nada mais tem o valor de antes.
Acabo de enterrar a razão.
Ultrapasso meu limite e faço
o lento movimento de restauração.
Começo por entalhar a nova marca
indicativa da insanidade _
sentimento espúrio que causa
dormência e prazer.
Olho sobre a tela.
Oléo sobre a tela.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

De manhã


Mais distante que a primavera, mais sumida que a borboleta vermelha voando por sobre o meu ombro. Meus sonhos perambulam pela fria neve.

Ainda







Folhas verdes esperando
-frutos presos escondidos na semente-
laranja respira.






terça-feira, 4 de novembro de 2008

Me reconhece?


Estou aqui.
Eu te falei que vinha.
Galopa em meu corpo cansado,
mas ativado ao te ver chegando.
Pula meu Dom Ricardo
me cheira e me reconhece.
Sou a distinta cor da surpresa do agora.
Somos o fôlego contido,espasmado em uivo.
Mais uma vez o sinal brilhante da vida.
Rosna triunfante que nossa alma ferve!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Retalhos de seda puída






Começo agora. Nada sei ainda. Falta tanto! Nem uma noite, nem uma tarde, nem uma manhã, nem mesmo a madrugada, nenhuma fração de tempo, nenhum piedoso intervalo permitirão que eu respire profunda e corajosamente para que possa virar o disco.


Quebramos toda espera e pernoitamos estendidos no frio chão de mármore.


Cada lágrima é um cárcere suspenso que freia minha fúria. Mas choro.


_ Estou sem você novamente ou estou com você finalmente?


Quantas vezes nos reconhecemos e tantas outras nos estranhamos e nos afastamos com esclarecedora resignação.


Quem sou e onde estou já não importa. Cheguei e me sentei no canto angular da parede. Não tenho que me confessar. Facilito o convívio com meus pecados tragando a fumaça que guardo entre meus dedos.


Estou agachada como um chinês nas galerias ou como um caipira debaixo das minguadas árvores e levanto as pernas compridas como as de um grilo, que trespassam a minha cabeça raspando as minhas orelhas e abaixo o olhar observando a fria areia.


Mar, mais mar, muito mais mar, um sufoco causado de tanto mar, sem ar, quero mais mar, rodeada pelo mar, travada pelo mar, usada pelo mar, consagrada pelo mar. Um banho de mar!

Minha pele raspa a úmida areia, e meus ísquios doem ao roçar a fina pele.
Pele e osso!

Tiraram-me o peso das carnes e me deram o peso do outro.

Un, dói, igo, ei, ora, ira, ami, uivo, al, om.